Uma certa teimosia pessoal leva-me a insistir nesse tema: estamos olhando, com atenção e interesses comerciais, os fenômenos vividos pelas nações do mundo na esfera da economia de consumo e de investimentos? Falei há pouco tempo sobre a maciça urbanização esperada nos próximos vinte anos nas populações,principalmente na China, entre outros países asiáticos, e sobre o que poderá, em consequência, provocar na demanda de novos serviços e produtos.
Claro que não estou chamando a atenção para impactos das crises econômicas da Grécia, da Espanha, da Turquia ou de Portugal, e outras melhor conhecidas entre nós pelos noticiários. A pergunta que quero levantar é: se existem alterações tão grandes no tabuleiro planetário das economias, onde estarão nos próximos anos cinco anos as melhores oportunidades de negócios para as nossas empresas de TI?
Podemos e devemos antecipar visões a respeito, ou continuaremos na mesma toada, que já me cansei de ouvir:
- Vamos exportar software e serviços de TI prioritariamente para as nações vizinhas, para os EUA e eventualmente para a Europa?
Esse têm sido o teor dos discursos que ouço por aqui, quando o assunto TI (software e serviços) é focado.
Percebo em todas as conversas uma certa acomodação na busca de novos negócios. Nosso Português é língua muito próxima do Espanhol (a terceira mais falada no mundo), o que facilita as conversas nos países vizinhos. Outros há que imaginam que os cursos de Inglês que fizeram por aqui são suficientes para entenderem e serem entendidos pelos interlocutores dos EUA. Mesmo que “macarrônico”, nosso domínio da língua inglesa é considerado, por muitos que conheço, ingrediente suficiente para iniciar os negócios. E assim vamos nós, nesse velho processo brasileiro de “trying-and-error” em busca de negócios fora de nossas fronteiras.
Para resumir tudo, vamos pelo caminho supostamente mais fácil - nossa zona de conforto. Assim, a proximidade geo-linguística é sempre invocada na tomada de decisão. Poderemos até chegar a Portugal e Espanha.
Minha reflexão, porém, é crítica a essa postura que frequentemente vejo. Acho que, a permanecer nesse confortável percurso, não vamos atingir as Metas do Plano TI MAIOR, colocadas pelo poder público para 2022 (nos 200 anos de nossa independência):
* Sermos o quinto mercado mundial de TI;
* O PIB da TI no Brasil, saltará para algo entre 105 e 200 bilhões de US dólares;
* As exportações de software e serviços de TI serão de US$20 bilhões.
Estamos acostumados a discutir esses números e essas prioridades, quase sempre olhando para dentro de nós mesmos, reverberando nossas dificuldades e fraquezas e pouco meditando sobre estratégias de conquistas de espaços internacionais. E, quando olhando para fora, procuramos o mercado consumidor dos nossos produtos e serviços naqueles mercados acima citados – os de sempre.
Que tal olhar um pouco mais para fora de nós?